Incontinência Urinária- quando a limitação é vivenciada como perda da autonomia e da autoconfiança
Embora muito já tenha se discutido sobre o problema, a incontinência urinária, que consiste na perda involuntária de urina, aliada à capacidade do indivíduo de controlar o local e momento de esvaziar a bexiga, ainda se mantém como um forte símbolo de fragilidade e impotência, tanto para homens como para mulheres. Segundo dados veiculados nas redes sociais, hoje o Brasil têm registro de mais de 10 milhões de pessoas afetadas por essa limitação, ou seja, um número bastante significativo, se levarmos em conta que a maior parte dessas pessoas ou não têm condições para se tratar ou, ainda, não têm acesso às informações necessárias para o tratamento. Sem, é fato, falar daqueles que, embora tenham condição e conhecimento, sentem-se tão frágeis que a vergonha os impede de buscar não apenas ajuda médica, mas também um acompanhamento psicológico ou até grupos de apoio.
Isso porque, um dos maiores medos do indivíduo é a rejeição, seja porque motivo for. Pensar na possibilidade de vivenciar uma real falta de autonomia é quase que, para alguns, o “estar” perto do fim. Além disso, a incontinência urinária interfere também na vida sexual, outro tabu que a sociedade conserva. Então, se não houver espaço para se falar sobre o assunto e, também, sobre os recursos existentes no mercado, como esses indivíduos podem superar suas angústias? E quando me refiro a indivíduos, também não estou descrevendo somente pessoas idosas, o que reforça ainda mais o silêncio, já que a incontinência urinária é comumente relacionada à terceira idade.
Mas então, o que fazer?
O primeiro passo é buscar ajuda profissional. Em muitos casos, o paciente pode já ter um médico de confiança e, independente da sua especialidade, sentir-se mais confortável em conversar sobre o assunto. Antes de maximizar os sintomas, é importante investigar o quadro como um todo. Às vezes, é comum encontrar pessoas que passaram a apresentar incontinência urinário por um forte momento de stress. Em outros, é possível que essa incapacidade, como no caso de mulheres acima de 50 anos, possa ter se iniciado após a menopausa. O fato é que, independente da origem do problema, ou da idade, o caminho para o cuidado e a manutenção da qualidade de vida, seja física ou psicológica é o mesmo.
Não podemos deixar de oferecer a essas pessoas esclarecimentos, acolhimento e alternativas concretas para que essa suposta autonomia perdida seja resgatada. E quando me refiro ao acolhimento, incluo o preconceito e até o constrangimento a que esses pacientes são submetidos, seja em casa, no ambiente de trabalho ou mesmo nas relações pessoais. Ter que assumir uma incapacidade de controlar a urina, é como regredir, voltar a infância e depender de alguém… A sensação é da água que escorre pelos dedos da mão sem você conseguir contê-la… É um desespero, porque por mais esforço que você faça, o corpo já não obedece mais e você não consegue fazê-lo voltar atrás.
E é exatamente por se sentir assim, que o indivíduo tenta lutar de várias maneiras, encobrindo o problema e criando um mecanismo de defesa emocional que o faz acreditar que pode ser temporário. Mas, infelizmente não é. Por isso, além do médico, tanto o fisioterapeuta quanto o psicólogo podem também auxiliar no tratamento. O fisioterapeuta tem condições de propor exercícios específicos para o fortalecimento do assoalho pélvico, que com o tempo sofre alterações, como por exemplo a perda de colágeno. Já o psicólogo vai ajudar o paciente a lidar com essa incapacidade, trabalhando sua auto-imagem, com o objetivo de não permitir que o mesmo passe a reduzir toda sua vida, sua história, suas conquistas a um único problema.
O corpo envelhece, por isso a mente deve se manter sã!!!! E a prevenção também pode nos ajudar, se tornando a melhor forma de se manter a qualidade do que está funcionando e cuidar do que começou a apresentar “falhas”.
Comece hoje! Trate-se bem, perceba-se, cuide-se!! Não permita que a doença te defina, que o corpo te aprisione, que a autonomia se perca! Cultive a vida e, a saúde!!!
Dra. Maria Carolina P. Rodrigues
Psicóloga clínica